Há uma nova performance demográfica que, nas próximas décadas, mudará o mundo que conhecemos, alterando todas as áreas do conhecimento e muitas das questões inerentes à vida humana. Os dados demográficos explicam as razões do aumento de pessoas idosas na população por meio da queda da taxa de fecundidade e mudanças na expectativa de vida. O novo perfil demográfico será determinante para entender a demanda mundial de investimento em políticas públicas, alimento, saúde, empreendedorismo, construção civil, publicidade, e porque não no perfil do empreendedor do futuro.
Segundo um estudo intitulado, Tsunami Prateado, realizado pela startup, Pipe Social, estima-se que a Economia Prateada, ou seja, a soma de todas as atividades econômicas associadas às necessidades das pessoas com mais de 50 anos e os produtos e serviços que elas consomem diretamente ou virão a consumir no futuro, seja a terceira maior atividade econômica do mundo, movimentando US$ 7,1 trilhões anuais. Nos EUA, por exemplo representa mais de 25% do consumo. No Brasil, o consumidor maduro movimenta cerca de R$1,6 trilhões/ano, ou seja, 20% do poder de consumo do País.
A ONU prevê que até 2050 haverá mais de 2 bilhões de pessoas com 60 anos ou mais no planeta Terra. Esse crescimento é exponencial se comparado ao medido em 2017, cerca de 962 milhões pessoas. Em 2050, esse número passará para 2,1 bilhões – o equivalente a 25% da população mundial.
Já no Brasil, segundo o IBGE, existem 30,3 milhões de idosos e seremos 68,1 milhões em 2050. Também em 2050, segundo as mesmas projeções seremos o 6º país mais velho do mundo. Já em 2060 um em cada 4 brasileiros terá mais de 65 anos. Certo é que, apesar de sermos um país com grande predominância da população jovem, é a faixa etária acima dos 60 anos a que mais cresce no Brasil.
Todos os dados apresentados por si só, já mostram a necessidade de um olhar mais atento das empresas, do mercado, do governo e dos cidadãos para esse público nos próximos anos. Nos governos, por exemplo, ainda presenciamos grande parte das políticas públicas sendo formuladas pensando somente na população mais jovem, na construção de creches, escolas e universidades. E para os mais velhos o que tem sido desenhado?
A verdade é que o Brasil não conhece quem são seus cidadãos maduros. Os idosos brasileiros ficam a margem das decisões das empresas, do governo e das próprias famílias. Os idosos vêm carregando ainda a culpa com relação ao desafio que o Brasil tem pela frente para equacionar o problema de uma previdência social deficitária, o envelhecimento populacional, exercerá uma grande pressão orçamentária sobre o sistema previdenciário. Com menos pessoas para sustentá-lo, os mais velhos precisarão continuar trabalhando cada vez mais tempo.
A verdade é que, mesmo chegando em uma onda ainda silenciosa, já estamos presenciando uma verdadeira revolução da população madura no mundo. Hoje, a terceira idade não se parece em nada com a do imaginário popular, aquela que acaba por reforçar velhos estereótipos: idosos não podem empreender, já estão ultrapassados, não sabem mexer em computadores ou celular, vivem doentes, não servem mais.
Tais argumentos não poderiam estar mais fora da realidade! Eles e elas estão nas academias, nos salões de beleza, nas universidades, nos campos de futebol, empreendendo, nos aplicativos de relacionamento, ganhando cada vez mais protagonismo nas frentes de consumo.
E o empreendedorismo com isso?
Ainda é comum associar empreendedorismo aos mais jovens, às capas de revistas com meninos novos à frente de startups de sucesso. A verdade é que já passou a hora de revermos nossas crenças e convicções, empreendedorismo é para todos e todas, de qualquer idade, gênero e raça.
De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor realizada no Brasil pelo Sebrae, a proporção de donos de negócio com 65 anos ou mais é 7% do total no Brasil, o que dá cerca de 2,2 milhões de empreendedores. Isto significa que ações específicas voltadas às peculiaridades histórico-culturais desse público devem ser desenvolvidas e implementadas, para que eles possam de fato alcançar seus objetivos
O empreendedorismo representa uma das formas mais relevantes de empoderamento das pessoas na terceira idade. O ato de empreender além de reforçar as liberdades garantidoras da cidadania, ainda potencializa a ideia de manter essa parcela da população dentro da economia produtiva, com a sua independência financeira e uma aposentadoria mais ativa, através do estimulo ao desenvolvimento de atividades empreendedoras.
Bora empreender? A longevidade é uma potência e não um problema!
*Clarissa Perna é anlista da coordenação comunidade do Sebrae Rio
Fonte: revista pegn/ Globo.com