Prevenir é melhor do que remediar. O clichê é clássico, mas certeiro quando se trata de medicina preventiva, a área médica que traça estratégias para melhorar a qualidade de vida do paciente. “Rotinas de saúde, cada vez mais, fixam-se no imaginário popular como possibilidade de se obter e consumir uma vida mais longeva e saudável”, explica Stephan Sperling, especialista em medicina de família e comunidade, membro do serviço de telemedicina do Hospital Sírio Libanês e teleconsultor do Projeto Regula Mais Brasil.
Porém, avisa o médico, prevenir não significa traçar uma rotina de exames aleatórios e frequentes que supostamente vão apontar a existência de uma doença futura. “O maior risco a que expomos uma pessoa quando a incentivamos a fazer exames desnecessários é levá-la a um diagnóstico que não lhe seria ameaçador à vida ou que não lhe traria comorbidade ou agravo, mas que desencadeará uma série de intervenções em sua saúde, que podem adoecê-la ou causar dano”, adverte.
Para evitar esse cenário, institutos de saúde do mundo todo, como o United States Preventive Services Task Force, produzem evidências a respeito de rastreamentos realizados. O objetivo é reconhecer quais doenças têm causado mais mortalidade e perda de qualidade de vida para, então, apontar quais os melhores exames para identificar essas condições e, também, quais medidas não ajudam em nada no quadro do paciente.
Algumas avaliações chegaram a conclusões que apontam quais testes clínicos podem dar suporte à medicina preventiva, quando devem ser realizados e em quem, para promover mais longevidade ao paciente. Entre exames, rastreios e medicações preventivas com esse potencial, selecionamos oito deles para você conhecer.
8 testes clínicosque dão suporte à medicina preventiva
Eletrocardiograma
Objetivo: identificar qualquer alteração no aparelho cardiovascular.
Quem deve fazer: adultos que já apresentem algum risco intermediário ou alto de eventos cardiovasculares, como glicemia alta e pressão arterial elevada, por exemplo.
Observações: mesmo que o resultado do exame em pessoas que apresentem alto risco não mostre nada significativo, a recomendação é modificar os fatores de risco, como colesterol alto, má alimentação, hipertensão arterial, sedentarismo e tabagismo. É improvável que pessoas de baixo risco se beneficiem do eletrocardiograma, o que torna sua execução pouco necessária.
Estatina
Objetivo: prevenção de eventos ou mortalidade por doenças cardiovasculares.
Quem deve fazer: pessoas entre 40 e 75 anos que atenderem aos seguintes critérios, além da idade: ter um ou mais fator de risco para doenças do coração e possuir a chance calculada de 10% (ou mais) de sofrer um evento cardiovascular em 10 anos, como enfarto.
Observações: para estabelecer o risco de um problema no coração no prazo de uma década, é realizada uma triagem universal de lipídios. Caso seja necessária a prevenção com estatina, a dosagem é baixa e moderada.
Exame de glicose em jejum
Objetivo: diagnosticar diabetes.
Quem deve fazer: pessoas entre 40 e 70 anos que estejam com sobrepeso ou obesidade e que não apresentam sintomas óbvios da doença, como urinar com frequência e problemas de visão. No entanto, a triagem pode ser realizada mais cedo em pessoas com histórico familiar de diabetes, histórico de diabetes gestacional ou síndrome do ovário policístico.
Observações: caso o problema seja diagnosticado, o paciente será orientado por um médico a seguir uma dieta saudável e praticar atividades físicas.
Mamografia
Objetivo: reduzir o risco de morte por câncer de mama.
Quem deve fazer: individualmente, cada mulher deve decidir se quer iniciar a triagem bienal entre os 40 e 49 anos de idade. Porém, quem possui pais, irmãos ou filhos com câncer de mama correm maior risco de desenvolver a doença, portanto, devem iniciar a triagem antes das quatro décadas de vida. No entanto, a maioria dos benefícios da mamografia resulta do exame a cada dois anos em mulheres com idades entre 50 e 74 anos.
Observações: de todas as faixas etárias, as mulheres com idades entre 60 e 69 anos têm maior probabilidade de evitar a morte por câncer de mama por meio da triagem mamográfica.
Rastreamento de câncer de próstata
Objetivo: reduzir a chance de neoplasia nessa área por meio de um exame que calcula a alteração benigna ou maligna da PSA, uma proteína produzida na próstata.
Quem deve fazer: homens de 55 a 69 anos. No entanto, médico e paciente devem debater os pontos positivos e negativos da triagem.
Observações: o exame pode dar falso positivo e solicitar uma biópsia desnecessária, além de tratamento excessivo que pode resultar em incontinência urinária e disfunção erétil.
Rastreamento de pressão alta
Objetivo: identificar ou descartar a hipertensão, minimizar riscos de insuficiência cardíaca, ataque do coração, derrame ou doença renal crônica.
Quem deve fazer: pessoas acima de 18 anos.
Observações: embora seja alto o índice de hereditariedade da hipertensão, a obesidade e o diabetes, além do consumo excessivo de bebidas alcoólicas e sal, podem contribuir para o desenvolvimento do quadro. A boa notícia: a triagem e tratamento contra pressão alta reduzem de maneira significativa a ocorrência de problemas no coração.
Teste de medição óssea
Objetivo: evitar fraturas por osteoporose.
Quem deve fazer: mulheres com 65 anos ou mais, considerando os fatores associados ao risco, com histórico dos pais de fratura de quadril, tabagismo, consumo excessivo de álcool e baixo peso. Mulheres com menos de 65 anos e com um fator de risco também podem ser avaliadas.
Observações: os benefícios do tratamento são mais acentuados em mulheres pós-menopausa. Existem ferramentas que conseguem prevenir uma possível fratura por osteoporose nos próximos dez anos.
Triagem para câncer colorretal
Objetivo: minimizar o risco de óbito pela doença.
Quem deve fazer: pessoas entre 50 e 75 anos. Recomenda-se que pacientes com histórico da doença na família, principalmente em se tratando de parentes de primeiro grau, sejam rastreados mais jovens.
Observações: em geral, o principal fator de risco da doença é a faixa etária avançada. A idade média do diagnóstico é aos 68 anos. Homens estão associados à maior incidência e mortalidade de câncer colorretal. Os testes para diagnóstico variam de exames de sangue nas fezes a colonoscopia. Para análises em pessoas acima de 76 anos, é preciso avaliar a saúde geral do paciente.
Fonte: Instituto de Longevidade Mongeral Aegon / Saúde Física / 15-01-20